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Mãe-terna-idade

Atualizado: 10 de mar. de 2022


Desde que a Maya completou 1 ano, eu tento finalizar esse texto sobre o primeiro ano de maternidade. Esse é um assunto tão simples, já que somos mães no mundo inteiro compartilhando dos mesmos sentimentos e nos entendendo nessa montanha de emoções, e tão complexo ao mesmo tempo quando a gente tenta colocar em palavras, que me exige mais inspiração do que eu esperava e o tal tempo que nunca temos.


Todos os dias ela dorme no final da manhã, eu corro pro chuveiro indecisa se tomo um banho relaxante ou venho escrever aqui. Ainda de toalha saio pé por pé catando os brinquedos espalhados pelo chão e lembro que esqueci de pensar no meu almoço. Como um sanduíche, escrevo aqui, anoto a lista do supermercado antes que eu esqueça e pra minimizar o tempo dela presa no carrinho que ela odeia, faço a maquiagem e visto qualquer coisa que esteja ao alcance, pra não fazer qualquer barulho. O correio que era pro vizinho toca a minha campainha, 3 longas vezes, posso matar o cara? a Maya acordou, depois continuo...


Quem ainda não é mãe já está pensando em nem entrar nessa, quem já é, ri, e se identifica.

Somos "multi (super, ultra, mega) task", e a gente vai aprendendo e se adaptando todos os dias, a cada fase. Vamos medindo o amor de outra forma, olhando a vida de outra perspectiva, rindo e chorando por bem menos.

Entre uma pausa e outra vamos reencontrando os pedacinhos da gente que foram pro final da fila das prioridades, selecionando o que ainda cabe em nós e o que simplesmente não se ajusta mais.


Depois de um ano, a gente percebe que o tempo vôou rápido demais, que nosso olhar já enxerga mais do que o próprio colo, e que as cicatrizes ficarão ali pra mostrar que não mais seremos donas do mesmo corpo e principalmente do mesmo coração. As transformações são externas e profundamente internas, mas tão naturais que a gente quase nem percebe que se tornou outra, e tão compensadoras que é como se tomássemos uma injeção de vida a cada sorriso recebido.


Pro resto da vida nos sentiremos as pessoas mais ricas do mundo por poder sentir esse tal amor de mãe que todo mundo fala e que é mesmo uma verdade. Amor que a gente recebeu, finalmente entendeu, e que pode transmitir de novo, instintiva e infinitamente.


Que o tempo seja sempre nosso maior aliado, para podermos dedicá-lo a ouvir novas palavras pela primeira vez, ver mais os olhinhos recém acordados e braços abertos de saudade, pois no final, serão nossos filhos a única razão pela qual lutaremos por mais dias de vida ao lado deles e que mesmo passados 2, 5 ou 30 anos continuaremos a desejar mais um daqueles dias de relógio lento só pra tê-los em nossos braços mais uma vez.

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